Sapo e urubu em JurutiEm Juruti encontramos um povo gentil, receptivo e amigável. A cidade fica no extremo oeste do Pará, à beira do rio Amazonas. Vimos botos e barcos no porto. Urubus e lixo nas ruas. Muitas churrasqueiras e comércio de comida na frente das casas. O intenso calor abafado: nos fez pingar muito ao longo das 6 apresentações que fizemos lá; faz com que as casas de madeira fiquem de portas e janelas abertas, com cadeiras nas ruas; e motivou um morador a instalar um chuveiro na calçada. As pessoas só chegam em Juruti de avião ou barco. Um ou outro de carro 4×4. O avião que nos levou cabia 9 pessoas e nos deu frio na barriga na volta, ao chacoalhar com o vento forte que soprava. As crianças são tímidas, mas se aventuraram a conversar conosco, forasteiros artistas de passagem. O tribódromo, onde fizemos nosso teatro, recebe uma grande festa que acontece uma vez por ano, entre Mundurukus e Muirapinimas, como escolas de samba. Muitas crianças e adultos têm traços indígenas, mas esta cultura já não impera no imaginário local. Há muitas ruas de terra e igrejas. A história recente do lugar pode ser dividida entre antes e depois da instalação da grande mineradora. Muita gente dá exemplos do quanto as perspectivas e a qualidade de vida do povo local melhorou depois desta chegada. Mas há também quem fale que poderia haver mais benefícios. Voltamos com o gosto do cupuaçu e do taperebá usado em doces e sucos, do açaí e do tucumã usados na culinária local, do pirarucu desfiado, do surubim assado. Na 1ª. noite lá sentimos muito cheiro de queimada. Dizem alguns que há anos chovia todo dia no mês de março, mas depois dos grandes Crianças em Jurutidesmatamentos as chuvas diminuíram. Do alto do aviãozinho avistamos os rios serpenteando. Amazonas barrento e Tapajós azulado escuro. Áreas fechadas de matas e outras não mais. Na cidade as pessoas andam bastante à pé, de bicicleta com carrocinhas adaptadas para levar coisas, em grupo em cima da moto, e também de carro. Muitas vezes de maneira desordenada. Não há ônibus ou outro transporte público por terra, a não ser o escolar, que chamam de rota. Não vimos muitas pessoas com sobrepeso. Muita gente anda de sombrinha durante o dia para se proteger do sol e do mormaço. Nas casas vimos muitas placas anunciando que vendiam chop, chopinho, chopão, chamado sacolé, juju, chupchup, stick, em outros lugares do Brasil. Em Juruti imperam os sabores chocolate, Quick e coco. A farinha que se consome às refeições é grossa e amarela. Há muitos orelhões pela cidade e eles funcionam. Além de nós, não vimos mais ninguém fazendo uso deles. Em Juruti fizemos nossos espetáculos para crianças que vinham calmamente, à pé, com seus professores, para assistir à programação que ali aconteceu nesta terceira semana de março. O sol se pôs lindamente nos finais de tarde e a chuva caiu pesada durante a noite. Voltamos pra casa pensando: o Brasil é assim… grande, diverso… um continente de contradições.
Nosso espetáculo Festa no Céu integra a programação do projeto Conexão Sustentável Alcoa. Próxima parada: Itapissuma-PE.

 

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