ContrabaixoPor mais estranho que possa parecer, se alguém me perguntasse hoje: E aí, tem tocado algum instrumento? Eu diria: Tenho sim, tenho tocado Fusca. Pois é exatamente isto o que temos feito nestes últimos meses: encontrar possibilidades sonoras nas diferentes partes e materiais que já são do carro e nos outros agregados que temos em mãos. Assim vamos descobrindo uma infinidade de coisas: retalhos de assoalho de ônibus têm textura, dão destaque e proteção à lataria, além de som de reco-reco, com diferentes matizes, se percutido com madeira ou chave de metal; tampas velhas de panelas, pintadas de dourado adquirem nobreza e tornam-se calotas de pneu sonoras; panelas velhas e frigideiras que já não têm mais aquela antiaderência viraram a cozinha percussiva montada no bagageiro do carro. Fernando Sardo conduziu conosco um processo de criação da cena de destruição do carro. Fomos do caos real ao caos teatral, ou seja, ordenando sons e movimentos para orquestrar, simultaneamente, a criação de cena e som. Assim,Fabiano com martelos experimentando, elegendo e descartando, chegamos a resultados que nos agradam e que estão sempre em processo de aperfeiçoamento nestes últimos dias. Estamos curiosos para ver e ouvir como é que nosso som e a performance toda com o carro vão ressoar no público.

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